terça-feira, 19 de agosto de 2014

MÁSCARA

Passa o tempo da face
E o prazer de mostrá-la.     
Vem o tempo do só,
A rua do desgosto,
O trilho interminável
Numa estrada sem casas.
O final do espetáculo,
A sala abandonada,
O palco desmantelado.
                    
Do que foi uma face                     
Resta apenas a máscara,                      
O retrato, a verônica,
O fantasma do espelho,
O espantalho barbeado,
A face deslavada,
Mais sulcada, mais suja,
De beijada, cuspida,
Amarrotada
Como um jornal velho
Máscara desbotada
De carnavais passados.
Esta é nossa cara
Escaveirada

Até que a terra
Com sua garra
Nos rasgue a máscara.                           


( Dante Alighiere)

Um comentário:

  1. Interessante este poema, Val. E assim, nossa última máscara cai, e a caveira é o que resta....
    Parabéns pelas postagens e pelo blog sempre com temas interessantes, levando a arte para quem quer se abrir para este mundo fantástico!
    Um abração. :)

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